1994/1998 – Some Days are Better than Others

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Bono

1994 foi o início do grande degelo. O esforço que fazíamos arriscando nossa falência todas as noites para produzirmos a Zoo TV nos levou ao limite de nossa criatividade, tentar montar álbuns no meio de uma turnê nos deixou vazios e exaustos.

Quando eu voltei da turnê para casa, percebi que não tinha nenhuma rotina na minha vida, então eu chamei Willie Williams, nosso projetista de shows e um de nossos melhores amigos, e perguntei se ele sabia de alguma rotina que eu pudesse usar. Ele entendeu o que eu quis dizer.

Ele disse, ‘Eu gosto de ir ao bar pela manhã e ler um jornal’. Eu disse, ‘Sério? E como é?’ Ele respondeu, ‘Bem, você escolhe o bar que mais gostar, fala com as pessoas, elas dizem oi para você e afirmam com a cabeça de manhã e você pede uma xícara de chá e lê o seu jornal’. Eu falei, ‘Isso parece ótimo. Eu vou tentar fazer. Mais alguma?’ Ele respondeu, ‘Vamos ver. Às segundas-feiras você pode escrever e responder cartas’. Uau, isso é fantástico! Tinha uma igreja onde ele gostava de ir aos domingos. Ele disse, ‘Você encontra pessoas depois da igreja e, às vezes, você vai até a casa delas’. ‘Não pode ser!’ Eu exclamei. ‘Ok, eu vou fazer isso aos domingos’. Foi então que começou a tradição do almoço de domingo com Bono e Ali. Nossa casa parece uma estação de trem aos domingos. As pessoas vêm e vão e nós comemos e bebemos vinho. Isto era reaprender a viver como civis. O Sul da França desempenhou um importante papel nos ensinando como relaxar.

Edge: No início da década de noventa, Bono surgiu com a idéia de que a banda devia escolher e comprar uma casa bem grande na França e construir um pequeno recinto com espaço suficiente para passarmos uns tempos juntos. Um corretor de imóveis telefonou e disse que tinha encontrado um lugar fantástico à beira do mar e pediu que fôssemos dar uma olhada. Adam e Larry olharam a casa e disseram que achavam a idéia completamente maluca. Mas naquele ponto eu estava sozinho, tinha me mudado da casa da minha família e isto parecia ter o potencial para ser a próxima fase da minha vida. Então Bono e eu compramos a casa juntos e começamos a fazer planos para renová–la, porque ela estava em péssimas condições. Só agora estamos terminando, quinze anos depois. São duas casas no mesmo terreno e nós trocamos de casa a cada quinzena. Quando eu digo para as pessoas ‘Eu passo férias com o Bono’ elas me olham de um jeito engraçado, mas, na verdade, isto deu muito certo. Nós compramos em 1992, pelo menos um ano se passou até que uma das casas estivesse habitável e passamos bastante tempo lá em 1994. Foi o nosso verão do amor, como o Bono costuma chamar. Tivemos um tempo raro, como era no passado.

Bono: Eles respeitam muito a privacidade no Sul da França. Eu podia ir até o povoado e comprar pães de manhã, brincar com as crianças, nadar no mar e ninguém me incomodava. De noite as pessoas apareciam para comer massa e ouvir música. Havia festas nas casas e muita dança. As big girls (supermodelos) também estavam lá, agora elas eram melhores amigas da Ali do que minhas. Era impressionante o quanto aquelas mulheres eram independentes. O poder delas está no fato de que ninguém as escuta – elas são como estrelas silenciosas. Eu fiquei muito próximo do Michael Hutchence, que estava saindo com Helena. Era muito engraçado tê–lo por perto, você podia ser bobo ou sério com ele. Nós ficávamos sentados à mesa de uma da tarde até uma da manhã, conversando e rindo. De vez em quando Michael e eu exagerávamos e acabávamos dormindo em algumas praias no caminho dos clubes de Cannes para casa, mas raramente as coisas perdiam o controle porque havia crianças pequenas por perto. Foi uma época muito animada. Havia um lugar particular em frente à praia chamado The Morea, com salsa e calypso ao vivo, que pertencia a uma família fantástica que tinha um talento completamente único para o comércio: eles não deixavam que nós pagássemos por nada. Costumávamos levar presentes e trocar com eles. De vez em quando a turma toda imitava uma cena de um filme do Elvis, porque um de nós havia confundido a bebida e terminávamos no palco, com a praia inteira cantando junto conosco. Era como se nós tivéssemos estabelecido nossa pequena e própria república no meio da república francesa. Uma coisa que eu particularmente me lembro deste período foi que Edge e eu nos apaixonamos de novo pela música. Nós ouvíamos música de dia e de noite, tudo o que fosse fresco, tudo que fosse novo.

Edge: Foi um fim de semana perdido que durou um ano. Era tempo de nos reaproximarmos de amigos e família e viver um pouco, já que estivemos focados na banda por tanto tempo. Foi muito divertido e só assim tivemos a chance de curtir e ouvir músicas e ficar emocionados com elas de novo. Havia muitas coisas legais acontecendo na época, ótimas músicas dance, os Chemical Brothers, Leftfield, Underworld, o cenário Britpop estava decolando, o fenômeno Oasis estava se revelando. Eu pude ouvir aqueles discos como um puro fã e eu os amei.

Larry: Eu tive um tipo de verão um pouco diferente. Eu estava inquieto em Dublin. Eu precisava me afastar, resolver algumas coisas. Eu decidi ir para Nova York.

Adam: Foi minha idéia mudar para Nova York durante o ano de folga e começar uma nova vida sem bebidas, o que é mais comumente conhecido como ‘mudança geográfica’. Foi surpreendentemente fácil parar, mas foi difícil continuar sóbrio. Eu acabei fumando muita maconha, o que não é exatamente uma solução. Faz você parar de se embebedar, mas faz você parar de fazer quase todas as outras coisas. Depois de decidirmos ir para Nova York, Larry e eu, ambos individualmente, chegamos à conclusão de que esta era uma oportunidade para nos aperfeiçoarmos e fazermos coisas de natureza musical diferente. Larry decidiu que queria se aprofundar em programação; então, compramos entre nós, um pequeno estúdio para montarmos. A idéia era que nos tornássemos usuários mais experientes, embora eu deva confessar que eu ainda não consigo operar equipamentos de gravação melhor do que no passado. Cheguei à conclusão de que existem duas partes do cérebro, uma criativa e outra prática, e eu devo ser seriamente deficiente na segunda. Eu comecei a freqüentar aulas de canto porque estava interessado na possibilidade de encontrar a minha voz, mas ela provou ser um tanto esquiva. Durante as aulas de canto eu encontrei um professor de baixo, um cara chamado Patrick Pfeifer que tinha escrito um livro chamado Bass Playing for Dummies (Tocando Baixo para Burros). É um bom livro e eu vou tentar prestar mais atenção nele. Eu queria saber como aplicar as regras de escala e as diferentes marcações de tempo. Patrick era realmente bom em fazer isso parecer simples e conseguia transformar tudo em palavras, mas no final, eu conclui que já fazia instintivamente tudo o que ele estava me ensinando. Era um regime para um músico que queria se adaptar a qualquer situação musical e dar um show, o que não é particularmente relevante para o modo único como o U2 opera.

Larry: Eu me liguei a David Beal, um baterista de sessões e programador que possuía um pequeno estúdio no centro. Ele me apresentou baterias automáticas, seqüenciadores e a operação básica de um estúdio. Também tive a oportunidade de ver Gary Schaffe, um doutor em bateria em Boston. Havia coisas no meu modo de tocar com as quais eu não estava feliz. Eu também estava sentindo o desgaste de dois anos na estrada, minhas costas e minhas mãos estavam doloridas. Gary se especializou em pegar bateristas quebrados e treiná–los para que tocassem melhor e fizessem menos estragos em si mesmos. Adam e eu tocamos juntos algumas vezes e trabalhamos na música tema do primeiro filme da série Missão Impossível. Gravar e produzir aquela faixa foi o ponto alto da minha estadia em Nova York.

Edge: Nós estávamos interessados em nos preparar para fazer um álbum do U2 partindo de um projeto mais experimental que nos lançasse em novas áreas e que pudesse nos informar sobre nosso próximo trabalho. Eu fiz isso com um álbum de trilhas sonoras antes do The Joshua Tree e Bono e eu fizemos Clockwork Orange antes do Achtung Baby. Então falamos com Brian Eno sobre fazermos trilhas sonoras para um filme.

Paul: Sempre houve um pouco de tensão entre o U2 e Brian Eno porque Brian se considera uma força criativa. Eu penso que ele acha frustrante que dentro dos parâmetros que nós estabelecemos, ele não é um compositor, ele é um dos produtores e vai para o estúdio com tudo o que ele possui, seu talento como músico, seu julgamento e sua voz. E se Brian sopra alguma coisa que termina em um álbum, então é isso que os produtores devem fazer. Para isto eles recebem honorários e uma porcentagem do lucro, eles participam do sucesso do álbum assim como o artista. A questão dos créditos e royalties das composições tem sido debatida durante anos. Nós temos um processo colaborativo na montagem das músicas, isto foi estabelecido desde o início, mas eu não poderia permitir uma situação em que Brian Eno fizesse mais do que um membro do U2. Brian é um gênio, mas a banda também é. Eu acho que é um privilégio e aprendizado trabalhar com o U2 como produtor. Era contra esse contexto que se o U2 decidisse montar um álbum em que Brian fosse um integrante completo, não seria um álbum do U2, seria um projeto a parte.

Bono: Nós víamos o Brian como um grande catalisador, mas nos ocorreu a idéia de que seria ótimo escrever formalmente com ele, do mesmo modo que os Talking Heads e David Bowie. Nós pedimos que Paul encontrasse um projeto de filme com o qual pudéssemos trabalhar. Até certo ponto seria a trilha sonora para The Pillow Book, um filme vanguardista de Peter Greenaways’s gravado no Japão.

Edge: O projeto de The Pillow Book não foi para frente e quando estávamos no meio da montagem do álbum ainda não havia filme. Nós estávamos bastante entusiasmados com o que estávamos fazendo, então, naquele ponto, Brian disse, ‘O filme é apenas um veículo para nos dar algo em que trabalhar. Então vamos continuar e fazer trilhas sonoras para filmes imaginários’.

Bono: Foi Brian quem surgiu com os nomes dos filmes e com esboços de roteiros. Não queríamos que as pessoas se confundissem e pensassem que se tratava de um álbum do U2, então formamos um outro grupo. Aquilo se tornou Original Soundtracks 1 dos Passengers. Brian pensou neste nome para o grupo, eu continuo gostando dele.

Adam: Larry e eu voltamos para aquelas sessões. E ao invés de não termos tocado em nenhum instrumento durante seis meses, o que era uma possibilidade, nós já estávamos a toda a velocidade e fomos para as sessões muito confiantes. Elas tinham um formato muito livre, como o jazz. Eu suponho que eu tinha conhecimento musical suficiente para me sentir relativamente confortável naquele ambiente. A idéia era que fizéssemos um álbum que definisse ele mesmo. Brian sempre sentiu que éramos bons de improviso e queria trabalhar de um modo em que não houvesse pressão para construir músicas adaptadas para o rádio. Nós escolhemos alguns filmes que gostávamos e tocamos para eles por algumas semanas. Depois Brian selecionou o material que sofreu alguns cortes e se tornou a base para as sessões do ano seguinte. Foi uma gravação muito fácil.

b>Paul: Houve algumas discussões um tanto inflamadas no curso da preparação do álbum. Brian tinha uma idéia um pouco diferente sobre o que estavam fazendo e achou frustrante que a banda não levasse o projeto tão a sério quanto ele e chegasse tarde nos ensaios. O projeto devia ser divertido, relaxado, sem prazo para terminar, mas no final isto provavelmente não funcionou do jeito que todo mundo queria. Larry não é um grande fã do álbum, o que ele fez questão de deixar abundantemente claro.

Larry: Ele era um pouco auto indulgente. Achei que estávamos levando nosso público para muito longe. Eu acho que há algumas grandes canções e algumas idéias ótimas naquele álbum, mas para mim, ele não vai a lugar algum.

Edge: Eu o amo, porque ele é tão diferente do nosso trabalho normal. Eu sempre tive um interesse por músicas mais experimentais. Elas não se encaixam necessariamente em um envelope convencional de composições. Eu acho que o temperamento das canções é muito forte, os temas são efetivos. Vários cineastas e companhias de dança fizeram uso das músicas. Elas servem para aplicações em que você não quer o primeiro plano, você quer a música com certa transparência, onde ela realmente funciona como uma criadora de temperamentos.

Bono: Existem algumas belezas lá. ‘Your Blue Room’ é uma das minhas músicas favoritas, que, na verdade, foi usada em Beyond The Clouds, um filme de Michelangelo Antonioni e Wim Wenders. A música é baseada na idéia de que o sexo é uma faca de dois gumes. Em um nível ele é puramente carnal, mas por outro lado é como uma oração. É incrível dizer para seu amante ou para seu parceiro: ‘As instruções são suas, não importa a direção’. ‘Miss Sarajevo’ é uma outra canção que tinha que estar lá. Foi uma viagem escrever um libreto para uma voz como a de Pavarotti. Para entrar no estado de espírito ideal, eu incorporava meu pai cantando no chuveiro incorporando Pavarotti.

Ele estava pedindo uma música. Na verdade pedir é um eufemismo. Ele estava ranzinza, rogando pragas pela casa. Ele me disse que se eu não compusesse uma canção para ele, Deus seria muito impiedoso comigo. E quando eu protestava dizendo que estávamos no meio do nosso álbum, ele falava, ‘Eu vou falar com Deus para ele conversar com você. É páscoa. Da próxima vez que eu ligar para você, você vai ter uma música’. Um dos melhores lutadores de queda de braço do século. A música foi a nossa resposta para os atos surreais de desobediência que aconteceram durante o cerco policial em Sarajevo. Uma mulher se recusou a ir para o refúgio e costumava tocar piano durante o bombardeio. Outra mulher organizou um concurso de beleza. ‘Nós vamos derrotá–los com nossos batons e saltos’, ela disse. Todas as garotas mais bonitas de Sarajevo subiram no palco com faixas dizendo ‘Vocês realmente querem nos matar?’ Isto era puro desafio e merecia ser celebrado com uma música.

‘Miss Sarajevo’ foi premiada no concerto anual Pavarotti e Amigos em Modena, na Itália em 12 de setembro de 1995. Edge e eu levamos nossos pais que eram grandes fãs de ópera. Pavarotti nos buscou no aeroporto com uma Mercedes branca. Dirigimos quinze milhas até a casa dele, passamos através dos portões, além das colinas, por uma curva, por uma ladeira, pela casa em direção à mesa. Ele se sentou e ordenou, ‘Massa!’ Uma mulher bonita trouxe a comida e nós sentamos e comemos. É na mesa que as amizades são feitas. Ele é um indivíduo extraordinário, grande em todos os aspectos – grande no coração, grande na voz, grande na cintura, grande no apetite.

Edge: Os bastidores foram incríveis, porque ao invés da costumeira equipe do rock ‘n’ roll, havia a Princesa Diana e vários dignitários e políticos italianos. E, no meio disso tudo, Bob Hewson, meu pai e minha mãe, todos grandes fãs de ópera e cantores. Essa foi a ocasião do lendário dueto do meu pai com Pavarotti. Era o aniversário da esposa de Brian, Anthea, e então pedimos para Pavarotti cantar ‘Parabéns’ para ela, e ele concordou graciosamente. Meu pai se juntou a ele no final, o que eu achei divertido no momento. Mais tarde, no jantar, quando eu comecei a ouvir a história do grande dueto entre meu pai e Pavarotti, eu percebi o que estava por trás disso. Mas meu pai é um tenor e ele leva isso muito a sério. Foi um grande momento para ele, mesmo que tenha sido só um ‘Parabéns’.

Bono: Edge apareceu e me perguntou. ‘Seu pai gostaria de conhecer a Princesa do País de Gales?’ A família do Edge é galesa, lógico, e eles estavam morrendo para encontrá–la. Na verdade eu já sabia a resposta, mas perguntei assim mesmo. Meu pai só olhou para mim. Ele disse, ‘Vai se danar! É a mesma coisa do que me perguntar se eu gostaria de conhecer o ganhador da loteria!’ E ele continuou: ‘O que a Família Real já fez por alguém? Eles nasceram no meio de toda aquela riqueza e poder!’ Ele era meio Republicano e começou a protestar. Eu só sorri e fiquei ouvindo. Mas nós estávamos no camarim e pouco tempo depois a Princesa Diana foi nos ver. Ela estava bonita, em um vestido amarelo canário. Ela estendeu a mão para o meu pai, ele também estendeu a mão e ela disse, ‘Como vai você?’ E ele respondeu, ‘Oh! Muito agradecido por conhecer você!’ E eu juro, 600 anos de história desapareceram. ‘Mulher muito, muito simpática’, ele disse depois que ela saiu. ‘Linda garota!’

Larry: Quando fui para Nova York em 1994, eu precisava refletir sobre que direção tomar. Assim que retornei, Ann e eu decidimos experimentar começar uma família. Estávamos juntos desde a nossa adolescência. Já era tempo. E então meu primeiro filho nasceu em outubro de 1995. Três semanas depois eu estava no hospital operando minhas costas. Eu estava carregando uma lesão desde a turnê Joshua Tree, mas ela piorou e exigiu uma atenção urgente. A banda começou trabalhando com Howie B., um DJ e produtor que havia trabalhado conosco no Passengers. Eles estavam tocando com baterias automáticas, loops e gravações que Howie mixava no estúdio. Eu devo confessar que fiquei incomodado quando eles começaram sem mim, porque muitas coisas acontecem no início das gravações, decisões chave são tomadas. De fato Eno enviou uma mensagem para os outros membros da banda, pedindo que esperassem. Mas, por qualquer razão, eles estavam decididos a começar.

Edge: A idéia era irmos mais fundo nas experimentações com a noção do significado da banda e encontrar novos modos de compor músicas, aceitando a influência e a estética da música dance. Nós estávamos com um estado de espírito experimental, então, já que Larry não estava em condições de tocar, nós pensamos, ‘Vamos começar com Howie mixando a bateria e ver aonde isso vai nos levar’.

Adam: A música club estava dominando o gosto musical de todos naquele estágio. Bono e Edge compraram e remodelaram o The Clarence Hotel em Dublin e abriram uma boate no subsolo, chamada The Kitchen. Nós sentimos que havia uma espécie de conexão entre o que tínhamos feito e o que estava acontecendo nas boates, algumas das nossas músicas tiveram grandes remixes, principalmente ‘Even Better Than The Real Thing’ e ‘Lemon’. Nós queríamos fazer um álbum que misturasse rock e pop com a perfeição que você consegue com seqüenciadores e loops de ritmo. Existem muitas músicas club que são instrumentais e nós pensamos que se pudéssemos conseguir algo com aquela intensidade, com aquela solidez e com uma atmosfera de vocais melódicos, o resultado seria realmente incrível. Brian não estava particularmente interessado em fazer esse tipo de álbum, por isso ele decidiu não se envolver, mas Flood era um bom colaborador, e tinha alguma experiência nesta área com o Depeche Mode. Howie B. era um ótimo engenheiro musical, sonoramente muito progressivo. Ele cria uma energia muito criativa na sala e atua como um catalisador de inspirações. Ele não é necessariamente um cara que sabe como encontrar a freqüência em que uma rádio funciona, mas essa não é realmente a sua função. E Nellie Hooper foi originalmente uma parte daquele time de produção, um produtor britânico extremamente talentoso que tinha feito álbuns incríveis com Massive Atack e Bjork e nos ajudou na montagem de ‘Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me’ para a trilha sonora de Batman – O Retorno. Era uma enorme gangue de pessoas e pode ser muito difícil unir tantas visões diferentes.

Bono: Nós estávamos nos divertindo muito com as nossas vidas e talvez tenhamos vagarosamente, subitamente, nos esquecido de como você tem que trabalhar duro para montar um grande álbum. É como ver um relâmpago. Exige uma busca contínua. Exige espontaneidade. Exige desgaste. Exige horas e horas de foco contínuo. E você pode se esquecer disto, quando não pratica por muito tempo.

Adam: Nós trabalhamos no nosso novo estúdio, que desenvolvemos a partir de um armazém em Hanover Quay, Dublin. Ele foi projetado mais como um espaço para ensaios e oficinas musicais do que como um estúdio de arte. Ele era grosseiro e simples.

Bono: Havia uma confusão sobre quem estava produzindo o álbum. Howie tinha um espírito indomável e estava sempre em boa forma. Você só precisava sorrir para ele, ele era tão perspicaz. Nellie Hooper era inteligente, divertido e muito bem vestido. Ele chegou no primeiro dia das sessões com uma bonita camisa Charvet, listrada de laranja e amarelo para uma litografia minha e de Peter Blake para a parede do estúdio. Nós transformamos uma van em nosso próprio Ônibus Disco. Decoramos com grandes alto-falantes e microfones e nós podíamos sair para dançar em família. Queríamos fazer algo que refletisse a vida que estávamos vivendo, que tinha um pouco da diversão de uma família e um pouco da impetuosidade de altas noites e luzes brilhantes. Mas diversão é uma coisa muito difícil de se descrever, assim como a felicidade. Nós não conseguíamos transportar a diversão para o álbum. As músicas não eram suficientemente boas. Os temas estavam lá. Algumas das melodias estavam lá. Mas elas não pareciam naturais. Eu acho que aquelas sessões nos pegaram exatamente no final daquele período de diversões e brincadeiras. Provavelmente estávamos retornando para a atmosfera terrestre e as composições estavam começando a trazer cores escuras para a tela. Nellie foi decisivo: ‘Me encarreguem disto e eu comandarei o navio. Senão, eu não fico’. ele gritou enquanto pulava entusiasmado. Flood teve mais resistência do que deveria ter e ficou.

Edge: A grande síntese entre composição e dança não aconteceu. Foi como misturar água e óleo. Na verdade os dois enfoques estavam nos levando para direções opostas. Por um lado, as improvisações mais antigas que tínhamos feito com Howie eram as melhores: leves, diferentes e muito excitantes. Mas quando as músicas começaram a emergir da névoa, nós sentimos falta da personalidade da banda. As músicas estavam se apoiando em baterias automáticas e baixos seqüenciados e tinham uma qualidade um pouco estéril. O que faz um grande álbum do U2 é o sentido de quatro personalidades trabalhando em harmonia, em um momento particular do tempo. Então, durante as gravações nós tentamos mudar de direção.

Bono: Pop é o som do U2 tentando fazer uma homenagem à cultura club sem usar as ferramentas da música dance, que são repetição de sons, bateria automática e sons pré–fabricados. A sessão rítmica foi posta de lado. Eu achava que podíamos ter feito, mas eles realmente não queriam nada eletrônico. Eles certamente apontaram que isto não era o que nos tornava únicos ou extraordinários. Eu odeio quando o senso comum interfere no caminho de um bom conceito. Em certo momento, ouvindo novamente algumas sessões bastante longas e comuns, Nellie virou para mim e disse, ‘Isto não é Thriller, é, Bono?’ A coisa a se fazer teria sido parar, reorganizar e continuar com as músicas em um nível mais alto. Mas nós não fizemos isto. E, pior, nosso empresário conversou conosco sobre o mais perverso dos crimes: o agendar a turnê. O prazo final estava se aproximando ameaçador. Pop nunca teve tempo para ser acabado apropriadamente. Esta foi realmente a sessão demo mais cara da história da música.

Larry: Eu esperava ficar fora de ação por algum tempo, mas eu achava que eu poderia ir ao estúdio e trabalhar algumas horas por dia, durante algumas semanas, para ir me recuperando aos poucos. Mas, após três semanas, eu estava de volta ao estúdio, tocando sete ou oito horas por dia, e isso não era muito bom para as minhas costas, eu precisava de um pouco mais de tempo para me recuperar. Mas nós estávamos nos esforçando com algum material e para o projeto seguir em frente, eu tinha que me dedicar muito. Nós estávamos desmontando e reestruturando algumas músicas. Eu tive que tocar de novo alguns trechos que o Howie tinha usado sem permissão. Eu estava me esforçando para tentar e fazer caber as minhas partes paras as músicas.

Bono: O Pop começa com ‘Discotheque’. Nós queríamos uma moldura para o álbum. ‘Discotheque’ é um enigma sobre amor. Uma vez que se entende, isso muda a forma como você escuta a música. Você pode alcançar, mas não pode pegar/Você não pode segurar, controlar, você não pode embrulhar. Uma das minhas definições sobre arte é a descoberta de beleza em lugares inesperados. Procurando pelo bebê Jesus sob o lixo, como é cantando em ‘Mofo’. Esse realmente era o tema do Pop: grandes temas como alicerce. Mas não é suficiente ter uma boa letra ou uma grande idéia. Se o tom ou a lotação musical não estiverem certas, você pode acabar parado em acima de uma caixa de sabão cantando na esquina da rua.

Edge: ‘Do You Fell Loved’ foi uma grande idéia que nunca se tornou uma grande idéia.

Bono: Nós queríamos fazer uma música sexy, agradável. E nós quase conseguimos. A voz sussurrada no verso não decola. A verdade é que estava com um problema. No começo eu achava que podia ser do cigarro. Particularmente estúpido, eu no começo dos meus trinta, troquei os cigarros fumados durante a Zoo TV por cigarros Camel. Mas eu não acho que foi apenas isso. Eu acho que eu tinha danificado a minha voz.

Paul: Quando eu comecei a empresariar a banda, apenas eu e o Adam fumávamos. Agora, todos eles fumam, menos eu e o Adam. O Bono começou a fumar tarde. Eu já era um ex-fumante e me lembro de dizer para ele, ‘Eu não acredito que você começou a fumar. Você não está preocupado em danificar a sua voz?’ Ele disse, ‘Esse é o problema. Eu gosto do que isso está fazendo com a minha voz’. Estava dando um timbre mais áspero, mas estava sujeito à danos. E já estava começando.

Adam: O Bono tinha bons e maus dias. Algumas vezes a sua voz estava presente e era ótima e outras vezes estava irritada e acabava indo embora por nenhuma razão aparente. Pessoalmente, eu acho que o problema podia ser o estúdio. Nós estávamos bem próximos à uma fábrica de concreto e se você deixasse alguma coisa do lado de fora, depois de alguns dias estaria coberto de poeira. Eu acho que se você tem cordas vocais sensíveis, provavelmente poeira de concreto não é uma boa coisa.

Edge: ‘Mofo’ é realmente uma simpática música dance. Não há nenhuma pretensão em tentar manter o formato da banda, nós estávamos abraçando a cultura dance nessa música e eu acho que funcionou. Grande letra e grande produção. Talvez nós tínhamos que ter tido a confiança de fazer o álbum mais transparente nesse aspecto.

Bono: Era como se toda a minha vida tivesse naquela música. O blues eletrônico morto à pancadas. Ela pega o palavrão ‘motherfucker’ e transforma em alguma coisa crua e confessável. Ela teve vários títulos bizarros ‘Mothership’, ‘Oedipussy’. Ela contém o momento mais revelador na música mais dura de todo o álbum. É extraordinário tocar ‘Mofo’ ao vivo. A música pode chegar a um ponto estremecedor e lá estou eu apenas conversando com a minha mãe em frente à cinquenta mil dos meus amigos mais próximos. Algumas noites isso realmente me surpreendia com o quanto emocionante isso podia ser. Mãe, eu ainda sou seu filho? Você sabe que eu esperei muito tempo para ouvir você dizer isso. Mãe, você partiu e me fez alguém. Agora ainda sou uma criança e ninguém me diz não. Esse é um artifício que você pode imaginar no teatro ou no cinema, mas raramente vê em compositores, quando você pára o tempo e o personagem se vira para câmera e se explica. Esse é o monólogo de Hamlet, mas eu nunca vi nenhum fantasma. Estou tentando olhar para o passado e encontrar minha mãe. Estou esperando isso no lugar e na hora certa. Espero que eu tenha uma credencial.

Edge: A briga entre o dance e o rock durou apenas três músicas. Quando o álbum chega em ‘If God Will Send His Angels’ nós estamos de volta ao território familiar do U2. É uma melodia bonita, mas o refrão não se conecta.

Bono: Se nós conseguíssemos cantar e tocar como o Prince, isso estaria entre os dez melhores. Essa é uma música sobre uma raiva contida de como o mundo está e o fracasso de Deus em concertá-lo. Algumas pessoas do meu convívio já experimentaram algum momento difícil e não conseguem perdoar Deus por isso. Pessoalmente, eu não vejo o mundo como um lugar em que Deus é o responsável por todas as coisas que acontecem. Eu acho que cabe a nós deixar Deus entrar nas nossas vidas. É um mundo de ventos selvagens e inesperados, terremotos e tsunamis, onde acidentes podem acontecer. Eu não culpo Deus por eles. Eu acho que foi isso que aconteceu quando eles expulsaram Deus do jardim, o que é a minha interpretação do que aconteceu no Éden!

Existem várias discussões com Deus nesse álbum. Ele faz a sua maior aparição em um álbum do U2 desde October. Isso deveria ter se chamado ‘Shouting At God’. Mas isso não representa que eu perdi a minha fé. Eu acho que até a mente mais medíocre pode entender que se você fica falando e falando sobre o quanto você não ama mais uma pessoa, isso é uma evidência de paixão. Você não pode discutir com Deus se você não acredita que exista um. Houve um trabalho muito sério de pesquisa para se fazer o Pop Art e o que isso significa para o mundo. Alguém descreveu o Pop como a morte de Deus, sugerindo que não existe eternidade, tudo que nós tínhamos deixado era o momento, o instantâneo, a superfície. Então, esse é um álbum sobre a morte de Deus. Eu estou apenas me permitindo expressar essas grandes questões. Mesmo achando que elas eram questões particulares minhas, eu sentia que elas estavam na cabeça de muitas pessoas a minha volta.

Edge: ‘Staring At The Sun’ foi outra grande melodia que nunca se tornou uma grande música, por qualquer razão que eu não sei explicar. Eu não sei por que nós não nos focalizamos nela. No final, quando nós estávamos tocando ela ao vivo, tocávamos apenas com violão acústico e a música se tornou muito melhor.

Bono: Eu acho que isso tem um certo humor, onde você não quer saber a verdade porque a mentira é bem mais confortante.

Edge: ‘Last Night On Earth’ tem mais da estética da banda. É uma grande melodia, mas é tão boa quanto ‘New Year´s Day’ ou ‘Sunday Bloody Sunday’? Claro que não, ou nós ainda estaríamos tocando-a ao vivo.

Bono: O refrão surgiu para mim bem no final das sessões do Pop, que estavam ficando um pouco cheias e fatigantes. Era quatro horas da manhã do último dia no estúdio. Tínhamos pessoas trabalhando na mixagem que não ia para cama há uma semana. O Paul tava esperando para levar as fitas para Nova York e preparar o álbum. Eu comecei a cantar o verso: You´ve got to give it away (Você tem que abrir mão). A mensagem era não transformar isso em trabalho. O que era exatamente o que nós estávamos fazendo. Nós deveríamos mostrar o que acontece quando o rock ´n` roll encontra a cultura club. Ao invés disso, parecia um bando de homem numa plataforma de petróleo no meio do mar do norte. A minha voz estava completamente destruída, foi por isso que nós colocamos muito eco e o Edge cantou junto comigo para cobrir.

Edge: ‘Gone’ é outra música que eu sempre tive muita esperança, mas ela sempre soa melhor na versão acústica.

Bono: ‘Gone’ é o retrato de um jovem garoto sendo uma estrela do rock, tentando se livrar das responsabilidades e apenas aproveitando as viagens, os ternos de luzes, a fama. You change your name, well that´s okay, it´s necessary. And what you leave behind you don´t miss anymay (Você muda o seu nome, mas está tudo bem, isso é necessário. E o que você deixa para trás você não sente saudades). Mas eu acho que o que esse álbum fala é sobre coisas que você não consegue deixar para trás. É como o professor universitário que não consegue dançar. Lá no fundo nós não somos tão superficiais quanto queríamos.

Adam: Nós estivemos no estúdio durante meses tentando progredir com o álbum. Eu acho que o que nós precisávamos era um pouco de ar fresco. Então nós fomos para Miami e tivemos momentos muito bons. Nós saíamos. Conhecemos várias pessoas muito sérias e outras superficiais, e gostamos dos dois. Fomos introduzidos na arte de fumar cigarros até tarde em lugares da Máfia, com tapetes de peles por toda a parede. Nós viemos, nós vimos e nós conquistamos – está tudo na letra de ‘Miami’. Os nossos olhos estavam bem abertos... em alguns momentos!

Bono: O Bill Graham morreu quando nós estávamos em Miami, teve um infarto em maio de 1996. Ele tinha apenas 44 anos. Esse foi um momento negro em um ano muito colorido. Nós voltamos para o seu funeral, e Edge, Gavin e eu iríamos carregar o caixão. O Bill foi o cara que realmente descobriu a gente. O primeiro escritor a escrever sobre a gente e nos encorajar a sermos a banda que nós somos hoje. Ele era mais do que um simples gênio e o seu estilo de falar me seduzia, ele improvisava e alçava vôos fantasiosos, você poderia conversar com ele por horas e sumir em idéias malucas e de repente, de alguma forma, acabavam voltando para o começo, vendo o mundo como um todo, novo, de uma forma diferente. O Bill era impagável.

Larry: O Bill era um verdadeiro defensor do U2, mas também criticava a banda. Você sente falta de pessoas assim, você sempre podia confiar na sua honestidade e nos seus valores. Ele tinha um grande coração e um grande tato para música. Nós podíamos ter usado alguns dos seus conselhos no Pop, eu acho.

Bono: Muitas das músicas do Pop estão quase, mas não totalmente lá. A ‘Playboy Mansion’ era originalmente chamada de ‘Hymn to Mr Universe’. Era para ser supostamente um hino da Pop Art, mas as suas referências contemporâneas não favorecem. Piadas sobre Michael Jackson e O.J. Simpson não são mais engraçadas. A letra original era muito mais original. Eu não tenho certeza se o que foi para o álbum é a melhor versão. O mesmo pode ser dito de ‘If You Wear That Velvet Dress’. Ela queria ser um salão clássico. Acabou sendo o ruído de fundo num salão de aeroporto.

‘Please’ foi escrita tendo alguém em mente, que deve permanecer anônima. Algumas das melhores músicas do U2 são diálogos, mesmo que você não saiba quem está do outro lado. Não é um retrato exato, é algum tipo de pessoa que você conheceria nos subúrbios de classe média de Dublin, que é simpatizante do grupo paramilitar IRA e dá suporte intelectual para os militantes do republicanismo. São pessoas que acham que idéias são mais importantes do que outras pessoas. Love is hard and love is tough, but love is not what you´re thinking of (O amor é duro e o amor é difícil, mas o amor não é o que você está pensando). É uma música realmente sobre terror. Existe alguma desculpa para isso? September, streets capsizing, spilling over, down the drains. Shards of glass just like rain (Setembro, ruas invertidas, cuspindo vidro, para fora dos esgotos. Afiados que se quebram como chuva)... Isso se refere ao bombardeio às docas em Londres e à interrupção das negociações de paz na Irlanda do Norte, mas depois de 11 de setembro se tornou impossível cantá-la. Mas a gravação é um pouco fora de foco, pouco evidente, e não resolveu. Eu não tenho certeza se nós chegamos a fazer justiça à música.

Adam: O baixo estava um pouco diferente do que o Edge estava fazendo, e havia muita discussão sobre que notas deviam permanecer ou não. É provavelmente por isso que ela é tão indecisa, porque ela usa várias idéias diferentes, sem realmente se comprometer com nenhuma. Mas sonoramente é um maravilhoso pedaço de música e a melodia é fantástica.

Larry: É uma grande música, mas eu não sinto que ela foi terminada. Assim como o resto desse álbum. Algumas semanas a mais teriam feito toda a diferença para essas músicas.

Adam: ‘Wake Up Dead Man’ foi algo que o Edge tinha desde as sessões do Zooropa. Era uma grande música de rock gótica, que não parecia se encaixar nesse álbum. Quando chegamos ao final das sessões nós limpamos a poeira, a despimos e fizemos uma versão ínfima, eletrônica. É uma música muito poderosa.

Edge: Era onde eu realmente estava naquele momento. Esse foi um dos pontos baixos da minha fé espiritual, eu tenho que admitir. A frase ‘wake up dead man’ foi emprestada de uma música de prisioneiros. Eu apareci com o primeiro verso e o refrão. O Bono escreveu o resto.

Bono: Isso está na tradição dos salmos de Davi, que oferece um diálogo honesto com Deus. Eu sempre questionei porque Davi era tão amado por Deus? Eu acho que era provavelmente a sua honestidade. Porque em vários dos salmos ele realmente questiona: ‘Onde você está quando precisamos? Se auto-intitula Deus? Olhe, eu estou cercado por inimigos. Você me colocou nisso, agora me tire daqui!’ É tão direto. Eu acho que é muito importante as pessoas se direcionarem à Deus em qualquer situação, seja na devoção ou na raiva. Os dois estão presentes aqui.

Edge: Um álbum que começa com a brilhante promessa de ‘Discotheque’ e acaba com o lado escuro da alma em ´Wake Up Dead Man`. Essa é a história da criação do álbum. Começou com um conceito escapista* e então, lentamente, como a chegada da aurora, na manhã seguinte, acabou com a percepção de que não há como escapar e de volta ao amargo gosto da realidade. O primeiro verso dessa música foi escrito no meu carro durante o amanhecer quando eu voltava pela estrada para minha casa em Dublin, quando eu estava quase entrando na minha casa. Jesus help me, I´m alone in the world and a fucked-up world is tôo (Jesus me ajude, eu estou sozinho no mundo e num mundo fudido). Essa é a verdade sobre o nosso destino. Você por sua conta própria, mesmo no meio de uma multidão. Qualquer coisa que você esteja fazendo, é sempre sobre você e o seu Criador.

Bono: Nós queríamos fazer um álbum para festas, mas nós chegamos no final da festa. A dança já tinha acabado e havia várias garrafas quebradas pelo chão e jovens dormindo sob as mesas e uma estranha ordem entre amantes embriagados no jardim. Ele começa com ‘Discotheque’. ‘Do You Fell Loved’ foi a nossa tentativa de continuar na noite, bem rapidamente, mas é na manhã seguinte e o que pode apenas ser descrito como o ‘Mofo’ de todas as ressacas. E não vai muito além disso. O título do álbum foi uma falta de desinformação deliberada, e o principal motivo que deixou os fãs de rock preocupados, porque eles não gostam de pop. É incrível o que você pode fazer com um título. Isso se torna as lentes através das quais as pessoas vêem tudo. Faz você pensar sobre a arte pop e o momento. Nós estávamos lá também com o Achtung Baby. É o mesmo argumento, mas com um personagem diferente. O Achtung Baby é uma fila de amantes. É um argumento sobre o amor ele mesmo, se você acredita, como eu, que Deus é amor. É esse continuum. Nós devíamos ter chamado o álbum de U2 Lighten Up. É um grande trabalho, mas você tem que estar no auge dos seus poderes, junto com outras disciplinas, para alcançar a marca. Não é suficiente apenas escrever uma boa letra, não é suficiente uma grande idéia ou um grande gancho, muitas coisas têm que acontecer ao mesmo tempo e então você tem que ter a habilidade para ser disciplinado e poder projetar isso. Nós devíamos dar esse álbum para um remixador, voltar para o que foi originalmente pretendido, assim ‘Mofo’ estaria no topo desse difícil caminho com um adequado ataque plástico, ‘Do You Feel Loved’ foi feita com uma linha de baixo líquida que carrega em si as suas particularidades, ‘If God Will Send His Angels’ deveria ser diamantes e pérolas.

*Páginas 258, 260, 263, 264, 267 e 268 - Fotos

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